IT´S ON! - HAWAII
It's On - Hawaii
A poucas horas do início da janela do Pipe Masters, damos início a uma série de textos sobre as principais etapas do circuito 2021 da WSL. Aqui você vai conhecer um pouco sobre a cultura, as principais ondas, meio ambiente e curiosidades sobre os picos do Dream Tour. It's On!
O Pipeline Masters é definitivamente a etapa mais esperada do circuito mundial. São 50 anos definindo títulos mundiais e consagrando grandes nomes como Andy Irons e Kelly Slater. É sem dúvidas o evento em uma das ondas mais incríveis do planeta. Mas e aí, o que você precisa saber sobre o Havaí?
Andy Irons em Pipe, 2009 - foto WSL
Havaí - o berço do surfe
A origem do surfe se deu por volta do século XI, pelos povos polinésios. O capitão James Cook, que deu início à colonização europeia das ilhas do Pacífico, chegou ao Havaí em 1778 e foi o primeiro europeu a presenciar e a escrever sobre surfe. Naquela época surfar fazia parte das atividades de honra entre os membros da família real havaiana e era também a atividade dos grandes guerreiros.
Após a chegada dos europeus, os missionários religiosos derrubaram o Kapu, sistema que regulava as tradições havaianas, e praticamente extinguiram o surfe. Primeiro devido a população ser quase dizimada pelos vírus trazidos do velho continente e pelo surfe ser visto como imoral, já que os nativos andavam seminus, e por representar a ociosidade e a liberdade.
E é por isso que Eddie Aikau, surfista e salva-vidas, e Duke Kahanamoku - o pai do surfe moderno - são heróis do Havaí. Foram eles que ajudaram, de certa forma, a resgatar a autoestima de um povo de história milenar, subjugados por quase um século pelos seus colonizadores. Eles fizeram o mundo se voltar para o arquipélago, para o surfe que é parte importante na tradição desses povos. Conheça a história dos povos havaianos.
Eddie Aikau em Sunset Beach, 1974 - foto de Bernier Baker
Tradições e meio ambiente
Segundo a iniciativa Kua, os recursos naturais do arquipélago foram profundamente impactados por mais de 200 anos. Hoje, o Havaí tem a maior concentração de espécies ameaçadas de extinção de todo planeta, várias invasões de espécies exóticas e a maioria das ilhas foram severamente alteradas pela atividade humana.
O resgate as tradições são tão importantes para esses povos, que hoje eles já utilizam delas para a conservação de espécies como as Tartarugas verdes - conhecidas como honu. De uma lenda sobre uma tartaruga que se transformava em menina para proteger as crianças em Punalu'u, o honu se tornou um símbolo da conexão entre as pessoas, a terra e o mar e ganhou defensores por toda ilha. Hoje, as atividades de pesca no Havaí tentam ao maxímo não impactar as tartarugas e já existem várias campanhas contra o lixo plástico nas praias.
O impacto foi tão positivo que vários cientistas já estudam o comportamento exclusivo dessas tartarugas de descansar nas praias mais movimentadas do arquipélago. Esse comportamento é um fenômeno relativamente novo e eles já acreditam ser o resultado da proteção oferecida pela comunidade.
E você, ao visitar o Havaí, pode encontrá-las a todo momento. Ou melhor, não só elas como a foca-monge havaiana, o mamífero oficial do estado havaiano.
Tartarugas verdes e foca-monge - Fotos: NOAA Fisheries
Pra você que se sente perdido em relação a geografia...
O Havaí é um arquipélago polinésio formado por 8 ilhas principais, no meio do Oceano Pacífico e foi o último estado americano a fazer parte da federação, em 1959. As ilhas são:
- Oahu: a ilha mais populosa é famosa pelas instalações de Pearl Harbor e por abrigar o tão sonhado North Shore;
- Big Island: é a maior ilha do Havaí e casa do vulcão Kilauera. Aqui é possível viver os melhores mergulhos e conhecer os famosos sítios arqueológicos;
- Kauai: apelidada como "Ilha Jardim" por abrigar uma floresta tropical que cobre grande parte da ilha;
- Maui: de dezembro a março é aqui os melhores encontros com as baleias jubartes, além de ser a casa do big surf de Jaws;
- Molokai: essa é a ilha com o menor desenvolvimento urbano perfeita para conhecer o Havaí antigo;
- Lanai: a ilha famosa pelas suas plantações de abacaxi;
- Nihau e Kahoolawe: são as ilhas ocasionalmente habitadas;
As ilhas havaianas têm um clima subtropical, basicamente divididas por duas estações: verão (entre maio e outubro) perfeito para os mergulhos e uma temporada de inverno (entre novembro e abril). Lembrando que em outubro é quando o primeiro swell chega no North Shore.
Foto: Canva
Falando em North Shore e fugindo um pouco de Pipeline... E aí Andre Gioranelli, tem onda para surfistas iniciantes e intermediários?
Ahhhh... como tem!
- No verão: a melhor opção em South Shore é o swell de sul, então picos como Ala Moana e Honolulu, uma onda para iniciantes com várias bancadas de coral tanto para a esquerda como para a direita, são excelentes opções. Já no North Shore, não muito frequente, quebram ondas pequenas em Rocky Point.
- O que levar? Uma prancha básica, pra quem não tem dinheiro para investir em um quiver, seria uma maroleira de preferência com quilhas de encaixe. Para dias maiores 3 quilhas e dias menores 4 quilhas.
- No inverno: o que não falta é opção mágica na chamada "7 milhas milagrosas" no North Shore. São mais de 11 quilômetros de estrada, conhecida como Kamehameha Highway, que vai de Haleiwa a Sunset Beach. Devido a grandes ondulações chegarem com frequência a esse lado da ilha, a queda só vai depender de qual melhor swell para cada pico.
Sunset Beach é um pico que pega swell de todos os lados. De sul, de norte, oeste e norte/oeste. Se o vento estiver ideal é um lugar que funciona de 4 até 8 pés. Lembrando que essa é uma onda perigosa acima de 6 pés.
O melhor swell é o de oeste quando as esquerdas começam a quebrar perfeitas. Já de norte/oeste quebram as famosas ondas de Backdoor e Off The Wall, um swell de norte você já tem a opção de Rockpiles, ao lado esquerdo de Off The Wall. Mas acima de 8 pés são picos apenas para surfistas mais avançados.
Para dias de marola temos Ehukai Beach Park, um beach break ao lado de Pipeline. Os iniciantes, dependendo da variação da bancada, adoram esse pico.
Rocky Point também é uma opção. Um pico raso, principalmente na vazante, com uma a direita (Rocky Rigths) que vai para cima da bancada e a esquera (Rocky Lefts) bem mais tranquila.
Em direção a Haleiwa temos as longas direitas de Laniakea, que funcionam de 3 até 15 pés, e as esquerdas de Jocko's, todas de fundo de coral que merecem atenção.
Já Haleiwa é uma onda muito forte e com bastante correnteza, tendo seu inside conhecido como "toilet bowl". Esse é um pico para os surfistas avançados e que tenham um ótimo preparo físico.
Se o swell ficar muito pequeno em North Shore, a opção fica do outro lado da ilha. Mas são picos menos explorados, mais reservados para os locais e com presença de tubarões.
Já no West Side, um opção é em Makaha, perfeita para iniciantes nos dias pequenos de até 6 até 8 pés.
- O que levar? A dica do Andre são cinco pranchas. Uma para ondas pequenas e médias, uma maroleira, outra intermediária e uma maior para ondas de 6 a 8 pés. Para picos como Sunset e Waimea é necessário uma 7 e outra 9 pés, já que nesses picos em dias muito grandes o risco de quebrar pranchas é enorme. O que você sabe sobre a mecânica de Waimea?
Mapa: NS Rentals
He'enalu'oe! Vamos surfar!
Algumas curiosidades
- Tanto o inglês como o havaiano são reconhecidos como línguas oficiais. O alfabeto havaiano é conhecido por ser o menor do mundo, com apenas 13 letras;
- Considerada a capital mundial do arco-íris, o Havaí tem as melhores condições atmosféricas do mundo. O que torna ponto de estudo de vários cientistas que buscam mais informações sobre esse fenômeno. Você pode acompanhá-los AQUI;
Foto: Rainbow Stop
- A ilha de Malakai foi escolhida como leprosário durante o regime monárquico, eram pequenas colônias para isolar pessoas com lepra. Hoje é conhecido como Parque Nacional de Kalaupapa;
- A expressão "Eddie would go", ou melhor "Eddie iria" passou a ser utilizada quando os moradores recusam a se expor ao perigo. Se você não conhece a história de Eddie Aikau, acho bom se informar!
Vocabulário por Priscila Guedes
- Se haole no Brasil é uma forma de repressão aos surfistas que não surfam bem, no Havaí tem outro significado. A origem da palavra data desde antes de 1778. Quando o capitão James Cook fez o primeiro contato com os nativos da ilha. Ha'ole seria então um "homem branco, caucasiano ou qualquer estrangeiro". E vai além, no significado mais espiritual seria uma pessoa de fora que ainda não se conectou com o seu próprio espírito e com o dos seus ancestrais;
- Nós surfistas já incorporamos no nosso vocabulário a palavra "aloha". Frequentemente utilizada como uma saudação ou despedida, ela tem o poder de criar uma atmosfera de amizade e de amor no Havaí. Sobre seu significado etimológico, temos: alo - como "presença, frente ou rosto", uma mifestação de contato e ha "respiração divina" sendo a representação da conexão com os ancestrais. A surfista da casa Priscila Guedes, nos contou que Aloha é o contato com o som da vida, é a conexão mais profunda com os ancestrais. É sobre compartilhar os saberes do surfe, dos oceanos e é também sobre acolher. O Aloha é um estado de espírito simpático, generoso e empático!
- Tema do seu próximo filme, o "Mana" é uma energia de vida que se manifesta em todas as coisas e que também nos habita. Buscando seu significado mais profundo e o mais bonito, a Priscila resume o Mana no "poder de tudo". Poder esse que se manisfesta mais intensamente nas ondas grandes e assim, nos big riders.
Acreditamos que palavras como Aloha, Mahalo, Ohana e Mana foram incorporadas por nós como uma maneira de apreciação e de agradecimento aos povos havaianos. Surfar é, sem dúvidas, a maneira mais bonita e pura de entrelaçar todos esses sentimentos.
Aloha e até a próxima etapa!
Referências:
https://www.nps.gov/kaho/learn/nature/upload/honu.pdf
https://luciamalla.com/guia-malla-north-shore-oahu-hawaii.html
https://surftotal.com/noticias/historia/item/1849-a-historia-do-surf-as-raizes
http://www.datasurfe.com.br/search?q=pipemaster
http://www.fmh.utl.pt/indices/surfv.pdf
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